quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Aécio condiciona diálogo com Dilma às investigações do 'petrolão'

Com ataques e críticas ao PT e à presidente Dilma Rousseff, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) fez nesta quarta-feira (5) seu primeiro discurso no Senado depois das eleições em que condicionou seu diálogo com o governo federal às investigações das denúncias de corrupção na Petrobras.

Alan Marques/Folhapress
Aécio Neves participa de ato dos partidos de oposição ao governo federal na Câmara dos Deputados
Aécio Neves participa de ato dos partidos de oposição ao governo federal na Câmara dos Deputados   

Ao falar por meia-hora na tribuna da Casa, Aécio disse que a oposição não vai compactuar com práticas de "esconder ou camuflar" as investigações sobre o caso Petrobras. Para o tucano, as denúncias só vieram à tona porque os delatores Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef revelaram detalhes da corrupção na estatal. 

"Qualquer diálogo tem que estar condicionado ao aprofundamento das investigações e exemplares punições daqueles que protagonizaram o maior escândalo de corrupção desse país, conhecido como petrolão." 

Em defesa de Dilma, o líder do PT, Humberto Costa (PE), disse que a intenção da presidente é dialogar com a oposição e o Congresso. "É preciso nessa hora nós desmontarmos os palanques. Precisamos ter a visão clara de coisas que precisamos trabalhar em conjunto. O ódio está permitindo que alguns façam a defesa da volta da ditadura militar, disse o petista. 

Costa foi vaiado em alguns momentos durante aparte ao discurso de Aécio. Aliados do tucano encheram o plenário do Senado para acompanhar o discurso do senador. 

Em resposta ao petista, Aécio disse que os "gestos" para o diálogo com a oposição estão nas mãos da presidente Dilma Rousseff, que deve apresentar "propostas concretas" para negociar com o PSDB. "A prática deste governo, até aqui, jamais foi da a mão estendida e do diálogo. A verdade não foi a arma desta eleição." 

O tucano disse que jamais teve a "carga de responsabilidade" que possui hoje, com o apoio de 51 milhões de brasileiros que votaram no seu nome para presidente da República.

Para o senador, houve um "vale tudo" nas eleições como nunca visto na história do país, numa disputa "desigual" com aqueles que "usaram aparato estatal para se perpetuarem por mais quatro anos no poder".

Depois de Aécio discursar, aliados do tucano se revezaram em discursos de apoio ao senador. Pelo PT, além de Costa, Eduardo Suplicy (PT-SP) também saiu em defesa da presidente Dilma.
 
PROMESSAS

Aécio citou as recentes medidas na área econômica, como o aumento na taxa básica de juros da economia, para acusar Dilma de não cumprir as promessas feitas durante a campanha eleitoral. 

"A candidata oficial também negou a necessidade de reajustar tarifas públicas e acusou minha candidatura de fazer isso. Ela já está fazendo o que disse que não faria." 

O senador também acusou o PT de trabalhar pela redução dos direitos às liberdades no país, citando resolução divulgada após reunião da executiva nacional da sigla em que o partido defende a regulação da mídia e de instituições como o Banco Central. 

"Não se constrangem em propor o oposto à liberdade de poder. Tentaram carimbar nesse documento nossa candidatura com ações que retratam a própria prática petista. Esses atributos, eles jogam sobre 51 milhões de homens e mulheres. Eles que são atacados pelo PT neste instante em um documento oficial", disse. 

Aécio disse que, a exemplo da Câmara, o Senado também vai derrubar o decreto da presidente Dilma que amplia a participação dos conselhos populares. "O decreto dos conselhos populares deverá ter aqui no Senado o mesmo fim que teve na Câmara, ou seja, o arquivo." 

O tucano também defendeu que o Congresso aprove uma proposta de reforma política e a população referende as mudanças depois que elas estejam aprovadas pelo Legislativo. Em posição contrária, Dilma defende um plebiscito para que a população decida o que deve mudar no sistema político –que depois seriam aprovadas pelo Congresso.


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