quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Em dia de visita a presos da Lava Jato, discrição e revolta marcam parentes

Toda quarta-feira é dia de visitas na carceragem da Polícia Federal em Curitiba. Desde que foram presos os executivos das principais construtoras do país, na sétima fase da Operação Lava Jato, no dia 14, a quarta também se transformou no dia da "invasão" de terninhos, saltos altos e óculos de grife. 

As mulheres, filhas e mães dos 14 presos (o doleiro Alberto Youssef, preso desde março, completa a lista) chegam discretamente. Algumas carregam malas executivas, com pertences a serem entregues ao visitado. 

Quase sempre com óculos escuros, elas informam seu nome à recepcionista. Pegam então uma senha numérica, pela qual são chamadas depois à carceragem. A maioria aguarda na salinha do passaporte, anexa ao saguão de entrada, onde se mistura a cidadãos que vão fazer ou renovar o documento.



Nesta quarta (26), a primeira a chegar foi a mulher de Sérgio Mendes, vice-presidente da construtora Mendes Júnior, Maura Alvim Mendes. Acompanhada de um rapaz, ela carregava uma mala de viagem da marca alemã Rimowa, de rodinhas –cujo modelo custa R$ 1.300. 

De óculos escuros, salto, terno preto e calça jeans, ela sentou numa das cadeiras da sala de espera do passaporte. Perguntada se estava lá para visitar um dos presos, negou –e não fez mais comentários. Sempre de óculos escuros, manteve o semblante fechado até deixar a PF, sem falar com os jornalistas. 

A mesma discrição tiveram a mulher e as filhas do presidente da OAS, Leo Pinheiro. 

As três de terninho preto, com uma garrafinha de água mineral nas mãos, elas se confundiam com as advogadas que as acompanhavam. Mais relaxadas, sem óculos escuros, sorriam e demonstravam descontração. 

"Manda um abraço pra ele", pediu um dos advogados, antes de as três subirem. 

Apesar de as visitas ocorrerem das 14h às 17h, cada grupo de familiares pode falar por 20 minutos com seus visitados. E são feitas em um parlatório, com uma divisão de vidro entre o preso e os familiares, que conversam por um telefone. 

Oficialmente, até duas pessoas, além de dois adolescentes, podem entrar, mas há certa flexibilidade –tanto é que as duas filhas de Pinheiro entraram junto com a mãe. 

Na saída, as três ignoraram as perguntas dos jornalistas. Em silêncio, mas sorridentes, saíram da PF a pé, acompanhadas de advogados. 

Os filhos de Adarico Negromonte Filho, irmão do ex-ministro das Cidades Mário Negromonte e acusado de ser subordinado de Youssef, também visitaram o pai. Adarico Negromonte Neto e Maíra França Negromonte carregavam uma mala preta. Entraram e saíram de óculos escuros, sem falar com os jornalistas. 

"Será que é artista?", questionou uma pessoa que estava em frente à PF ao ver a movimentação.
 
'URUBUS E FRACASSADOS'

A única a destoar foi a mulher de José Ricardo Nogueira Breghirolli, funcionário da OAS. Acompanhada da sogra, ela respondeu que "não estava autorizada a falar". Na saída, com o nariz um pouco vermelho, se irritou com a presença de jornalistas no saguão, apertou o passo, baixou a cabeça e mostrou o dedo para uma câmera. 

"Bando de urubus, fracassados. Isso que vocês são", disse, enquanto andava em direção ao portão. "Se estudassem, não seriam jornalistas." Logo em seguida, uma mulher que viu a cena comentou depois: "Pelo menos não roubam." 

Os advogados da OAS pediram desculpas. "Ela está desesperada. É de um dos clientes mais humildes", comentou um deles.
No total, 

FOLHA

Nenhum comentário:

Postar um comentário

POLÍTICA E ECONOMIA