domingo, 16 de novembro de 2014

Ex-diretor forneceu roteiro das prisões de empresários de empreiteiras

O depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa à Justiça Federal do Paraná no dia 8 de outubro forneceu o roteiro que levou executivos de algumas das maiores empreiteiras do país à prisão na sexta-feira (13). 
 
Na sétima fase da Operação Lava Jato, chamada "Juízo Final", a Polícia Federal prendeu 21 executivos, entre os quais presidentes e diretores das empreiteiras OAS, UTC, Engevix, Queiroz Galvão, Iesa e Galvão Engenharia, que mantinham contratos com a Petrobras. Os valores eram superfaturados para o pagamento de propina, segundo procuradores. 

Quase todos os empresários e executivos presos por ordem do juiz federal Sergio Moro haviam sido citados nominalmente por Costa em seu depoimento à Justiça ou foram citados na agenda do ex-executivo da Petrobras. 


Divulgação/Clui.org
Vista aérea da Refinaria de Pasadena, no canal de Houston, no Texas
Vista aérea da Refinaria de Pasadena, no canal de Houston, no Texas

Outros diretores haviam sido mencionados pelo doleiro Alberto Youssef e por dois executivos da Toyo, Julio Camargo e Augusto Ribeiro de Mendonça Neto em acordos de delação premiada. 

A dupla diz ter pago R$ 30 milhões em suborno para a diretoria de serviços da Petrobras, que foi ocupada por Renato Duque entre 2003 e 2012. Duque é considerado por investigadores como o principal operador do PT na estatal.
 
A LISTA DE COSTA
Em outubro, Moro perguntou a Costa quais empresas participavam do "cartel" na Petrobras. "Odebrecht, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Iesa, Engevix, Mendes Júnior, UTC, mas isso está tudo na declaração que eu dei aí", listou, fazendo referência à sua delação premiada, que permanece sigilosa. 

O juiz indagou se era verdade que Costa fazia negociava "diretamente" com os diretores e presidentes de empresas do "cartel". "Perfeito", concordou Costa. 

Moro quis saber se as empreiteiras sabiam da remessa de valores para remunerar "agentes públicos", o modo como o juiz trata políticos. "Sim, tinham", confirmou. 

Costa disse ao juiz que todas as empresas formavam um cartel e que pagavam suborno em troca da obtenção e manutenção dos contratos. PT, PMDB e PP eram os partidos beneficiados, segundo relatos de Costa e do doleiro.

No mesmo dia, o juiz ouviu Youssef. "O conhecimento que eu tenho é que toda empresa que tinha uma obra na Petrobras, algumas delas realmente pagavam", relatou. Ele apontou uma série de executivos de empreiteiras, que foram presos na última sexta-feira, como seus contatos em "acertos financeiros". 

Três deles eram da Camargo Corrêa: João Auler, presidente do conselho, Dalton Avancini, presidente da empreiteira, e Eduardo Leite, vice-presidente. 

Foi a partir dos depoimentos de Julio Camargo e Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, ambos da Toyo, que os procuradores da Operação Lava Jato e a PF conseguiram as provas que levaram à prisão de Renato Duque. 

Pedro Barusco, gerente de engenharia da estatal ligado a Duque, também recebia suborno, segundo Camargo. Autoridades suíças congelaram US$ 20 milhões (R$ 52 milhões) que Barusco mantinha naquele país, no banco Cramer, segundo procuradores da Lava Jato. Já Duque usava o Credit Suisse, segundo os delatores. 

Duque e Barusco receberam ao menos R$ 30 milhões no exterior por obras na Revap (refinaria em São José dos Campos), Repar (no Paraná) e projeto Cabiúnas, de gasoduto no Rio. Segundo os dois executivos, Mendonça Neto relatou ter entregue US$ 8 milhões (R$ 21 milhões) à diretoria internacional da Petrobras para que a Toyo conseguisse um contratos de fornecimento de sondas para a Petrobras. 

O montante foi recebido por Fernando Soares, lobista do PMDB conhecido por Fernando Baiano. Ele teve a prisão decretada pela Justiça, mas está foragido. 




Editoria de Arte/Folhapress



 

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