sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Polícia Federal realiza buscas em sedes de empreiteiras; executivos são presos


Em nova fase da Operação Lava Jato, que investiga esquema de lavagem e desvios de dinheiro, a Polícia Federal realiza nesta sexta-feira (14) buscas em grandes empreiteiras e cumpriu 85 mandados de prisão ou de busca e apreensão contra executivos e outros investigados. 
 

A operação realizou mandados de busca e apreensão e prisões de executivos e empresários nas sedes das empresas Camargo e Corrêa, OAS, Odebrechet, UTC, Queiroz Galvão, Engevix, Mendes Júnior, Galvão Engenharia e Iesa. As empresas envolvidas têm contratos de R$ 59 bilhões com a Petrobras. 

O ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque foi preso no Rio. 

Nenhum político foi preso na operação. Ao todo, 300 policiais participam da ação, que acontece em São Paulo, Paraná, Rio, Pernambuco, Minas e no Distrito Federal. 

A Justiça também decretou o bloqueio de R$ 720 milhões que pertencem a 36 executivos.
Em São Paulo, estão sendo cumpridos 29 mandados de busca, 17 de prisão e mais 9 de condução coercitiva –quando a pessoa é levada para prestar depoimento obrigatoriamente.
Outros 11 mandados de busca e 6 de prisão são cumpridos no Rio. No Paraná, são 2 de busca e 1 de prisão. No DF, mais 1 de busca e 1 de prisão. Em Minas e Pernambuco, são cumpridos 2 mandados de busca em cada Estado. 

Segundo a PF, os envolvidos responderão, na medida de suas participações, pelos crimes de organização criminosa, formação de cartel, corrupção, fraude à Lei de Licitações e lavagem de dinheiro.
 
PRISÕES
As prisões atingiram a cúpula das empreiteiras. Foram presos o presidente da empreiteira Engevix, Cristiano Kok, e um de seus vice-presidentes, Gerson Almada. Um terceiro executivo da empresa que teve a prisão decretada está no exterior. 

O vice-presidente da empreiteira Mendes Junior, Sérgio Cunha Mendes, foi preso no Lago Sul, área nobre de Brasília. 

A PF também realizou buscas na casa do presidente da UTC/Constran, Ricardo Pessoa, investigada por ter pago propina para obter obras da Petrobras no Rio e em Pernambuco. Pessoa também é sócio do doleiro Alberto Youssef em um hotel e um empreendimento imobiliário. 


Alexandre Aragão/Folhapress
O presidente da UTC, Ricardo Pessoa, é levado pela Polícia Federal
O presidente da UTC, Ricardo Pessoa, é levado pela Polícia Federal

Um empresário de Santos (SP) foi preso no aeroporto do Recife quando embarcava para São Paulo. O empresário é da área de engenharia, mas não teve o nome revelado. 

A PF também foi ao apartamento de outro empresário no bairro de Boa Viagem, zona sul do Recife. A identidade dele também foi preservada. A intenção dos policiais era apreender computadores, discos rígidos e dinheiro, mas não apreenderam nada. Segundo a PF nada de "relevante" foi encontrado. 

A polícia tenta localizar o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano. Ele é apontado como o ponto de ligação entre o PMDB e o esquema de corrupção na Petrobras. Seu nome entrou nesta sexta na lista de procurados da Interpol e do sistema nacional de procurados e impedidos. "O que posso dizer é que Fernando mora no Rio de Janeiro. Não está fora do país, como disseram algumas notícias absurdas. Estou em contato direto com ele", disse seu advogado. 

Ao menos 12 pessoas, entre policiais e membros da Receita Federal, chegaram, por volta das 6h20, no edifício da Camargo Corrêa, na avenida Faria Lima, em São Paulo. Cinco carros entraram pela garagem e três agentes da PF permanecem na porta do prédio, controlando a entrada. 


Adriano Vizoni/Folhapress
Agentes da Polícia Federal e da Receita chegam ao escritório da construtora Camargo Corrêa, em São Paulo
Agentes da Polícia Federal e da Receita chegam ao escritório da construtora Camargo Corrêa, em SP

A Camargo Corrêa é uma das empresas investigadas sob suspeita de pagar suborno a ex-diretores da Petrobras para obter contratos da estatal. A PF prendeu nesta manhã um diretor da empreiteira em sua casa, no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio. 

A empreiteira lidera o consócio CNCC, contratado para construir a refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco. A obra, que envolve outras empreiteiras, é a mais cara em curso no Brasil e de ultrapassar os R$ 40 bilhões quando ficar pronta, nos próximos meses. 

Além de estourar o orçamento inicial, a obra foi superfaturada, segundo apurações do Tribunal de Contas da União. O consórcio CNCC diz que não faz sentido a acusação de sobrepreço na obra, porque ela foi conquistada por meio de licitação. 

FOLHA
 

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