domingo, 26 de julho de 2015

Peemedebista alertou aliados de que seria acusado por lobista


26/07/2015 02h00

Em um almoço na residência oficial da Câmara, o presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ) avisou a aliados que se agravariam as acusações envolvendo seu nome no esquema de corrupção na Petrobras.

O encontro ocorreu no dia 14 de julho, dois dias antes de o lobista Julio Camargo dizer ao juiz Sergio Moro, no Paraná, que pagou propina de US$ 5 milhões ao deputado.

O peemedebista, que já é investigado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), disse a líderes governistas e oposicionistas que tinha informações seguras de que Camargo mudaria seu acordo de delação premiada com o Ministério Público para implicá-lo.

Camargo teria feito a mesma afirmação sobre o congressista à Procuradoria-Geral da República dias antes de repeti-la ao juiz federal.

A expectativa de investigadores que acompanham o caso é que, diante de novos elementos e o avanço das investigações, o presidente da Câmara já possa ser denunciado no próximo mês ao STF.

VACINA

A "vacina" lançada por Cunha durante o almoço foi confirmada por três parlamentares à Folha. Segundo relatos, na reunião, ele responsabilizou o Planalto por seu envolvimento com o escândalo e se disse vítima de "armação".

Também alegou que seu enfraquecimento favoreceria o governo, que luta para recuperar a popularidade da presidente Dilma Rousseff.

Segundo um dos deputados presentes, Cunha também disse que o procurador-geral, Rodrigo Janot, havia pressionado Julio Camargo para que ele mudasse seus depoimentos e o implicasse no esquema de corrupção.

De acordo com os parlamentares, o peemedebista aproveitou para se defender e negar que tivesse recebido propina do esquema de corrupção, classificando de mentirosas as declarações do delator. Além de Camargo, o doleiro Alberto Youssef acusou Cunha de receber propina.

No STF, Cunha tenta anular o depoimento do lobista.

Sua defesa aproveitou a reclamação ao Supremo para apontar que há especulações de que Rodrigo Janot trabalha para afastar Cunha da presidência da Câmara e que isso atenderia a interesses políticos, dentro de um cenário de crise e tensões entre Legislativo e Executivo.

Os advogados disseram ainda que Camargo estava sofrendo pressões de Rodrigo Janot para "mudar o depoimento e incriminar indevidamente o deputado" e que isso foi registrado pelos advogados no Supremo com 50 dias de antecedência à primeira referência feita por ele sobre o parlamentar.

PRIVILÉGIO

Procurado pela Folha, Cunha afirmou que não obteve informações privilegiadas.

"Recebi a informação por várias fontes diferentes e relatei. Recebi informes de boatos que se confirmaram depois, não recebi informação com privilégio de quem quer que seja", disse.

Cunha também afirmou ter lido na imprensa sobre a possível mudança de versão.



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